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Educação | 29.10.15 - 20h00

Professores tentam inserir alunos com deficiência nas aulas de Educação Física das escolas municipais

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Os docentes apresentaram, nesta quinta, o resultado do projeto "Portas abertas para a inclusão - Educação Física para todos". (Foto: Inaldo LOns/PCR)

 

Professores da rede municipal de ensino do Recife apresentaram, nesta quinta-feira (29), os resultados do projeto Portas abertas para a inclusão - Educação Física para todos, que visa incluir os alunos com deficiência nas atividades esportivas desenvolvidas nas escolas municipais dos Anos Finais do Ensino Fundamental (6º ao 9º ano). O encontro aconteceu na Escola de Formação e Aperfeiçoamento dos Educadores do Recife (Efaer) Professor Paulo Freire, na Madalena, e contou com a presença de representantes do Instituto Rodrigo Mendes, parceiro da Prefeitura do Recife na implantação do projeto, assim como o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e a Fundação Futebol Clube Barcelona.

Antes de implementar o projeto em sala de aula, cerca de 20 profissionais de seis escolas municipais do Recife participaram este ano de um curso de 100 horas-aula oferecido pelo Instituto Rodrigo Mendes. O Portas Abertas para a Inclusão é desenvolvido pela rede municipal de ensino do Recife desde 2013. As aulas inclusivas são desenvolvidas sobretudo pelos professores de Educação física em parceria com os docentes especializados em Educação Especial - Atendimento Educacional Especializado (AEE), com o apoio de outros docentes, coordenadores, diretores e toda a comunidade escolar.

Na Escola Municipal Nilo Pereira, em Casa Amarela, o projeto integra 250 dos 412 alunos matriculados. Até o início do ano, a frequência dos alunos nas aulas de Educação Física era baixíssima. De acordo com a professora de Educação Física Érica Baier e com a docente do AEE Fátima Tavares, os alunos e as famílias muitas vezes não valorizam as atividades físicas desenvolvidas na escola. "Para sensibilizar as famílias e os alunos sobre a importância da Educação Física, convidamos os pais para uma aula e fizemos uma dinâmica de grupo. A partir daí, aumentou muito a frequência dos estudantes nas atividades. Os estudantes passaram a participar espontaneamente e a ajudar os 36 alunos com deficiência. Nos jogos interclasses, todos conseguiram participar efetivamente das atividades", relatou Érica.

Na Escola  Municipal de Tempo Integral (EMTI) Divino Espírito Santo, na Caxangá, a professora do AEE Jocélia Damasceno precisou controlar a emoção para apresentar o resultado do Portas Abertas para a Inclusão. Ela desenvolvia o projeto na unidade de ensino junto com o professor de Educação Física Fernando Figueirôa, que faleceu este mês e foi bastante homenageado durante toda a tarde. "No início foi muito difícil. Até Fernando achava que os alunos com deficiência não iam conseguir fazer as atividades. Mas de abril pra cá, notamos mudanças nas atitudes de todos na escola e conseguimos integrar bem os noves alunos com deficiência aos outros 273", afirmou Jocélia.

Segundo Fátima Albuquerque, coordenadora de Relações Institucionais do Instituto Rodrigo Mendes, a Educação Física é usada como estratégia para promover a inclusão nas escolas. "Não focamos no esporte competitivo nem de alto desempenho, mas sim no desenvolvimento de uma cultura corporal acessível e segura. O nosso desafio é fazer com que todas as crianças façam as aulas de Educação Física juntas, sem segregação. Nas formações, tentamos empoderar os professores para que eles tenham argumento e repertório para mudar a realidade das escolas deles. Com seis meses de atividades, já é notável a melhoria do desempenho e a autonomia dos estudantes", afirma.

Segundo Fátima, o projeto Portas abertas para a inclusão é desenvolvido em 15 cidades e atinge mais de 36 mil pessoas em todo o Brasil, entre alunos, pais, professores e coordenadores. O Instituto Rodrigo Mendes, que tem mais de 20 anos, é uma organização sem fins lucrativos que visa colaborar para que toda pessoa com deficiência tenha uma educação de qualidade na escola comum.