Estudantes da Rede Municipal visitam exposição Sala Escura da Tortura
Um grupo de 25 alunos da Escola Municipal Nadir Colaço teve uma tarde diferente nesta quinta-feira (30). Os estudantes do 9º ano da unidade escolar visitaram o Parque Dona Lindu, em Boa Viagem, para acompanhar a exposição Sala Escura da Tortura, atividade coordenada pela Secretaria de Direitos Humanos e Segurança Cidadã. A mostra tem por objetivo levar à população imagens que remetem às agruras de regimes ditatoriais impostos na América Latina.
O trabalho artístico foi constituído em Paris, no ano de 1972, pelos artistas plásticos do Grupo Denúncia. As obras de arte foram feitas por artistas de diferentes nacionalidades como Jlio Le Parc (Argentina), Gontran Guanaes Netto (Brasil), Alejandro Marcos (Espanha) e Jose Gamara (Uruguai). Quadros em preto e branco expõem amarguras, dores e angústias incansáveis. O ambiente é tenebroso e sufocante. A luz, pouca. Tudo isso voltado para um único objetivo: fazer com que quem entre sinta a atmosfera do que acontecia nas salas verídicas.
A opção pela Escola Nadir Colaço foi motivado pelo fato de os alunos terem elaborado atividades em sala de aula sobre o tema como redações, uma peça teatral. O grupo também já havia participado de uma palestra com ex-preso político, Edival Nunes, conhecido como Cajá. “Os alunos tiveram muito contato com esse tema através de atividades fornecidas pela própria instituição de ensino. É muito importante vê-los presenciando essa realidade que passou e que deixou muitas marcas” , alegou Juçara Leite, técnica da Secretaria de Direitos Humanos.
O monitor Marlos Siqueira ressaltou como são as reações dos estudantes ao entrar na exposição. “É muito diversificada a reação de cada um, uns riem da nudez, outros têm medo das expressões, uns ficam bem abalados. A própria estrutura passa esse tipo de sentimentos. É prazeroso de ver a diversidade de pensamentos confusos através dos olhos deles. Isso, para mim, é a prova viva que eles aprendem não só pelos livros, mas também pela arte.”
Para a professora da Escola, Cristiane Castro, a exposição é uma ampliação da visão do mundo. “Como professora é muito gratificante acompanhar a evolução dos meus alunos, e muito disso é por essa visita de hoje. Eles não presenciaram a época e agora podem conhecer mais uma fase da história do país. Essa exposição comprova que é possível se deixar vivo o que não pode viver mais” , comentou. Já para o aluno Everton dos Santos (17 anos) é enriquecedor sentir o passado dessa forma, para ele foi através desses heróis torturados que eles puderam conquistar a liberdade de expressão que possuem hoje. “Só assim que tivemos o direito a nossa contra-opinião, sem eles não seria possível. Viver isso de perto é muito grandioso pra mim”, disse.