Abrigo Emergencial do Recife acolhe usuários com suspeita de coronavírus
O Abrigo Emergencial do Recife, que fica na Travessa do Gusmão, em São José, recebeu os primeiros usuários que vivem em situação de rua com suspeição de sintomas de coronavírus. A medida foi possível graças à criação de 20 vagas em decisão anunciada pelo Comitê de Resposta Rápida ao novo coronavírus para acolhimento às pessoas em situação de rua que forem necessariamente encaminhadas pelo serviço de saúde com sintomas da doença e que receberam orientação para isolamento domiciliar. No Abrigo Emergencial, o usuário poderá contar com dormitório isolado, local para higiene pessoal e lavagem de roupas, além de cinco refeições diárias.
Os usuários foram recebidos nos últimos dias. O primeiro acolhido no Abrigo Emergencial, em 26 de março, foi João Silva Hora, 40 anos, natural da Bahia. Ele foi encaminhado pelo Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (IMIP) para a rede de Assistência Social há um mês e, desde então, estava acolhido na Casa Josué de Castro, abrigo para população em situação de rua gerenciado pelo município, através da Secretaria de Desenvolvimento Social, Juventude, Políticas sobre Drogas e Direitos Humanos (SDSJPDDH). Durante a última semana, o usuário apresentou sintomas de gripe e foi encaminhado para a UPA Torrões. Na unidade, João recebeu a recomendação de isolamento domiciliar, pois apresentava suspeitas da COVID-19, mas não havia necessidade de internamento.
Acolhido no Abrigo Emergencial desde o último domingo (29), o carioca Júlio César, de 26 anos, era usuário do Abrigo Noturno Irmã Dulce há cerca de 45 dias. Lá, foi identificado um quadro de febre, tosse e dificuldade para respirar. Pelo fato de Júlio ser fumante e fazer parte do grupo de risco, a equipe do Abrigo Noturno fez contato com o Samu, que o encaminhou para a UPA da Caxangá, onde recebeu o diagnóstico de caso suspeito, e foi encaminhado para isolamento.
O terceiro usuário deu entrada no Abrigo Emergencial ontem (30). Roberto Rivelino, 46 anos, acolhido no Abrigo Noturno Irmã Dulce há pelo menos 15 dias. Assim como Júlio César, apresentou quadro de febre e tosse e foi levado pelo Samu para a Policlínica de Afogados, onde houve o diagnóstico de suspeita do COVID-19 e o encaminhamento para isolamento.
A secretária de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos, Ana Rita Suassuna, ressalta o comprometimento da gestão em prestar apoio a quem mais precisa. "A principal e mais importante medida para diminuir os riscos de contaminação do Novo Coronavírus, é o isolamento. Estamos cientes que a população que vive em situação de rua na cidade é uma das mais vulneráveis, porém estamos constantemente pensando em alternativas para mantê-los amparados", ressaltou a secretária.
O Abrigo Emergencial do Recife conta com 20 dormitórios com capacidade de abrigar pelo menos 120 usuários. Entretanto, devido à necessidade de isolamento social, que é necessária para conter a propagação do Novo Coronavírus, cada dormitório está restrito a receber apenas um usuário. Para ter acesso ao Abrigo Emergencial, a pessoa em situação de rua precisa, antes, ir até uma unidade de saúde para receber as devidas orientações. Outras medidas estão em fase de planejamento junto ao Comitê de Resposta Rápida criado para executar o Plano Municipal de Contingenciamento do COVID-19.
É importante ressaltar que nenhum serviço da Assistência Social que dá apoio à população em situação de rua do Recife foi suspenso. Esse público é acompanhado pelo município por meio de ações conjuntas realizadas pela Secretaria de Desenvolvimento Social, Juventude, Políticas sobre Drogas e Direitos Humanos (SDSJPDDH) e da Secretaria de Saúde (Sesau) do Recife. Dentre diversas ações, estão as equipes do Serviço Especializado em Abordagem Social de Rua (SEAS), que circulam dia e noite nos territórios da cidade, realizando escutas, identificando violação de direitos e necessidades das pessoas com o objetivo de promover o acesso à rede de serviços socioassistenciais. O contato dos educadores sociais do SEAS com os usuários visa promover o processo gradativo de saída das ruas, caso seja a vontade da pessoa atendida. Da mesma forma, o Programa Consultório na Rua leva profissionais de saúde às ruas para assistir a população de forma integral, realizando escutas e atendimentos gerais. Quando necessário, essas pessoas são encaminhadas para tratamento em unidades de saúde.