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Ciência, Tecnologia e Inovação | 31.03.23 - 19h29

Prefeitura do Recife inaugura Jardins Filtrantes no Parque do Caiara

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Projeto, realizado em parceria com o CITinova do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e Agência Recife para Inovação e Estratégia, vai contribuir no processo de despoluição do Riacho do Cavouco, um dos mais importantes da Zona Oeste (Foto: Hélia Scheppa/PCR)

Com investimento de aproximadamente R$ 8 milhões, a Prefeitura do Recife inaugurou, nesta sexta-feira (31), os primeiros Jardins Filtrantes de Pernambuco. O projeto, que é considerado uma tecnologia sustentável e de fácil manutenção, vai contribuir no processo de despoluição do Riacho do Cavouco, um dos mais importantes da Zona Oeste do Recife. A iniciativa, projeto-piloto do CITinova, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, é financiada pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente e é executada pela gestão municipal em parceria com a Agência Recife para Inovação e Estratégia (ARIES) e com o Porto Digital.

 

O Prefeito João Campos, que visitou o local na manhã de hoje,  incentivou a população a conhecer a nova tecnologia e ponto de lazer da cidade. “O primeiro Jardim Filtrante do Recife tem uma tecnologia francesa, na qual parte da água do Riacho do Cavouco passa e sai tratada, depois de passar por cinco jardins. Essa inauguração mostra que podemos inovar e fazer as coisas de forma diferente na nossa cidade. Além de ter um impacto ambiental super positivo, de tratar essas águas, é, sinceramente, o jardim mais bonito que eu já vi no Recife. Vale a pena conferir e ver como essa tecnologia está sendo bem aplicada na cidade”, disse. 

 

A tecnologia dos Jardins Filtrantes do Parque do Caiara é semelhante à utilizada no Rio Sena, em Paris, na França, e trata-se de uma técnica única, onde espécies cuidadosamente selecionadas associam suas raízes aos microrganismos existentes nos substratos dos filtros para, juntos, exercerem a remoção de poluentes. Com isso, são transformados radicais compostos de nitrogênio e fósforo, compostos orgânicos, metais e outros componentes bioquímicos, que poluem os efluentes, em elementos absorvíveis pelos vegetais ou biologicamente inertes obtendo, assim, a depuração completa.

 

A Diretora de Projetos da ARIES, Mariana Pontes, ressaltou o potencial de replicabilidade do projeto. “Estamos entregando um piloto de investimento no território do Recife que não tem só a possibilidade de replicar sua solução, mas tem também a capacidade de influenciar outras pesquisas. O objetivo foi implementar uma solução baseada na natureza, trazendo para o Recife uma tecnologia inovadora, que contribui para melhoria da qualidade da água dos nossos rios e para melhoria da qualidade de vida da população. Uma entrega importante para a cidade e para seus moradores. São 7 m² de jardim, com capacidade de filtrar 350 mil litros por dia, fazendo com que a água chegue com mais qualidade no Rio Capibaribe”, afirmou.

 

"A proposta aqui é não só trazer um ambiente muito agradável, resgatando o contato da população local com a natureza, mas também prover uma modalidade de tratamento dos efluentes do Riacho do Cavouco que desaguam no Capibaribe. Nessa iniciativa, totalmente sustentável, baseada na natureza, vamos monitorar o rio, ao longo do tempo. Algumas estações de monitoramento serão instaladas, para verificar essa série histórica”, disse Luiz Henrique Canto, coordenador-geral de Ciência para Biodiversidade do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e diretor nacional do CITinova.

 

TECNOLOGIA - O Jardim Filtrante é uma tecnologia criada na França pelo arquiteto paisagista Thierry Jacquet, que, durante seus estudos, percebeu que as plantas eram amplamente utilizadas por cientistas em pesquisas para o controle da poluição. Assim, ele aplicou a técnica de fitorremediação para desenvolver soluções sustentáveis. Para o caso do Rio Sena, em Paris, foi criado pelo arquiteto, através de sua empresa, a Phytorestore, um parque filtrante que purifica as águas do Sena, liberando água limpa para oxigenação do curso d’água sempre que necessário (após grandes chuvas que lavam a cidade, por exemplo), permitindo a recuperação do efluente de forma natural.

 

A fitorremediação ocorre por meio de tanques com diferentes configurações, escavados no solo, impermeabilizados e preenchidos com substratos específicos. Na superfície dos substratos são plantadas espécies vegetais que promovem o tratamento em uma zona de raízes. Trata-se de um sistema natural, não há aplicação de nenhum tipo de agente químico artificial, ou microrganismo exógeno no processo.  

 

“É uma solução baseada na natureza. Os tanques contém pedras e plantas que se alimentam de água e que são específicas, escolhidas de acordo com os poluentes presentes. As raízes vão absorver as substâncias que são tóxicas para os peixes e para a própria água, mas que são  fonte de alimento para as plantas. E os filtros de pedra vão reter partículas de poeira e areia. Além disso, é uma uma solução paisagística, o jardim é muito bonito e atrai turismo, movimentando também a economia local”, explicou Renato Lins, engenheiro civil e gerente do contrato do projeto.

 

Uma vez construído e plantadas as espécies vegetais, os microrganismos responsáveis pelo tratamento se proliferam na zona de raízes naturalmente, requerendo manutenção periódica de baixo custo. Os Jardins Filtrantes são lugares públicos e paisagísticos que integram a biodiversidade da fauna e flora locais. Eles podem constituir um meio natural pedagógico dentro de um parque público, tendo impacto direto na conscientização da população e a relação com o rio.

 

CITinova - É um projeto multilateral realizado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) para a promoção da sustentabilidade nas cidades brasileiras por meio de tecnologias inovadoras e planejamento urbano integrado. Com financiamento do Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF, na sigla em inglês), a iniciativa é implementada nacionalmente pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).

 

ARIES - A Agência Recife para Inovação e Estratégia (ARIES) é uma Organização Social privada, independente e apartidária, sem fins lucrativos, com o papel de, em nome da sociedade e para a sociedade, colaborar com a construção do futuro da cidade, tendo como norte, sempre, o longo prazo. A ARIES tem como propósito atuar estrategicamente como elo entre a sociedade, poder público e setor privado, contribuindo, a partir do Recife, para o desenvolvimento de cidades inovadoras, sustentáveis e menos desiguais.