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Cultura | 01.04.14 - 17h37

Debate analisa os impactos do Golpe Militar na Cultura e na Educação

[caption id="attachment_45044" align="alignleft" width="680"] A reunião aconteceu na manhã desta terça-feira, 1º de abril, e faz parte das atividades alusivas aos 50 anos do Golpe Militar. (Foto: Rinaldo Marques/ALEPE )[/caption]

A secretária de Cultura do Recife, Leda Alves, foi uma das convidadas da audiência pública “O Golpe Militar de 1964: repercussões na Educação e na Cultura”, realizada pela Comissão de Educação da Assembleia Legislativa de Pernambuco. A reunião aconteceu na manhã desta terça-feira, 1º de abril, no auditório do Edifício Nilo Coelho, anexo da casa legislativa, e faz parte das atividades alusivas aos 50 anos do Golpe Militar.

Como parte de sua trajetória enquanto atriz, Leda relatou a experiência do Teatro Popular do Nordeste (TPN), grupo teatral que existiu no Recife entre 1960 e 1975, liderado por Hermilo Borba Filho. Além de buscar produzir um teatro de alta qualidade artística, o grupo teve forte atuação política denunciando os abusos da ditadura. “O TPN colocava segunda intenção em todos os textos e interpretações. A gente sabia que estava em uma peleja grave”, lembrou Leda, enquanto contava como o roteiro era apresentado, isento, aos “homens” do Departamento de Ordem Política e Social (DOPS).

Leda Alves falou ainda sobre a preocupação do teatrólogo Hermilo Borba Filho com os integrantes do Teatro Popular do Nordeste, enquanto “enquanto trincheira de resistência”. “Ele conversava sempre com todos, porque pior do que a tortura e o medo, é a auto-censura, porque então a pessoa morre por dentro. Hermilo orientava a gente para não deixar que esse temor se instalasse nas pessoas”, completou.

Já o professor e estudioso de Ciências da Educação da UFPE, José Batista, apresentou um panorama com duas perspectivas educacionais em disputa, à época, e o qual considera ainda atual: o da educação para conscientização e o da educação como insumo da produção. “Durante esse período houve o atrelamento da educação à economia, a prevalência da teoria do capital humano. Houve uma modernização sem mudança, porque o capital ao invés de ser distribuído ficou mais concentrado”, explicou.

Por outro lado, o assessor pedagógico da Secretaria de Educação de Pernambuco, Luciano Freitas, ressaltou as conquistas do setor após a redemocratização, como a Lei de Bases e Diretrizes, os espaços de discussão de estudantes e profissionais, legitimados e fortalecidos, projeto político pedagógico, entre outros. “A educação ainda está em processo de disputa, mas hoje nós temos um currículo sócio cultural, heterogêneo e com ênfase nos direitos humanos”, afirmou.

Também participaram da reunião a presidente da Comissão de Educação da Casa Joaquim Nabuco, deputada Laura Gomes, a deputada Teresa Leitão, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado de Pernambuco (Sintepe), Heleno Araújo, o representante da Comissão da Verdade, Áureo Bradley, além de integrantes do Fórum Estadual de Educação.