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Cultura | 02.05.11 - 15h15

Recife tem mês mais chuvoso dos últimos 33 anos

Coordenadora da Defesa Civil do Recife, Keila Ferreira, avalia que o trabalho da Prefeitura tem surtido efeito positivo. Não há registro de ocorrência graves na Cidade
 
O mês de abril chegou ao fim deixando o registro de um recorde para a capital pernambucana em relação às chuvas. De acordo com os institutos de meteorologia, desde 1978 que não chovia tanto no mês. A precipitação acumulada chegou a quase 650 milímetros, quase o dobro da média histórica. De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), no último sábado foram registrados 77,3mm, com maior intensidade a partir da 0h. Neste dia, somente entre 0h e 1h, o pluviômetro localizado na Codecir constatou o índice de 50mm. Já no domingo (01), o Inmet registrou 82mm de precipitação. 

A Coordenadora da Defesa Civil do Recife, Keila Ferreira, avalia que embora o Recife esteja vivendo um momento de muitas chuvas, acima do esperado para o período, o trabalho da Prefeitura do Recife tem surtido efeito positivo, pois não houve registro de incidentes graves até o momento. “Os números dos institutos mostram que as chuvas realmente foram intensas. Apesar disso, com trabalho sério, estamos conseguindo o mais importante: salvar vidas. Não tivemos registro de ocorrências graves nem vítimas, e nossas equipes de plantão conseguiram atender às solicitações”, afirma Keila. Ela ressaltou, ainda, que enquanto durar o período de chuvas as equipes da Codecir estarão em alerta e prontas para prestar qualquer tipo de atendimento necessário.

Para enfrentar os efeitos das chuvas, o prefeito João da Costa tem monitorado de perto as ações das empresas e secretarias envolvidas na Operação Inverno 2011. Em razão do alto índice pluviométrico do último final de semana, o gestor reuniu, mais uma vez, os técnicos da área para definir o reforço do atendimento à população e dos serviços. “Estamos atentos às previsões meteorológicos e traçando estratégias, a cada dia, para combater os efeitos negativos das fortes chuvas que caem sobre a Cidade. Já decretamos o estado de alerta e reforçamos as equipes da Codecir, CTTU e Emlurb. Além disso, mobilizamos o Iasc para atender às famílias que precisarem sair das áreas de risco. Queremos assegurar a vida dessas pessoas”, ressaltou.  

De acordo com o coordenador do Inmet, Raimundo dos Anjos, as fortes chuvas deste mês de abril representaram o maior índice pluviométrico dos últimos 33 anos. A precipitação chegou aos 647.4 mm, isto significa 98.9% acima da média histórica do mês de abril, que é de 325,7 milímetros. Raimundo explica que isso foi provocado por uma conjunção de fatores. O principal deles é um sistema atmosférico denominado Perturbações do Leste, que ocasiona a formação de nuvens e chuvas que atingem a costa brasileira, que vai de Salvador (BA) até Natal (RN).

Este ano, o fenômeno atuou com maior frequência e intensidade, provocando o grande volume de precipitações. Agregado a isso, está o aquecimento do Oceano Atlântico de 1 a 1,5 grau acima do normal, formando nuvens na faixa oceânica que se encaminham, naturalmente, para o continente, no sentido Leste-Oeste. “Todos esses eventos somados provocaram a grande quantidade de chuvas que observamos em abril. Chuvas que realmente estão muito acima da média no nosso litoral. A tendência é que tenhamos muitas chuvas também nos meses de maio e junho. A atmosfera está favorecendo um patamar acima dos padrões”, considerou.

Ainda segundo Raimundo, o grande índice pluviométrico, associado aos picos de maré e à baixa altitude da cidade do Recife, acabou provocando os transtornos vistos nos últimos dias, a exemplo do grande acúmulo de água. “Hoje em dia, as grandes cidades do País têm vivido esses problemas. Há 30 anos, nós tínhamos uma realidade diferente da atual. As cidades cresceram muito, estão asfaltadas, impedindo a penetração da água no solo. Antigamente, a água da chuva entrava em contato direto com o solo, se infiltrava rapidamente e não se acumulava como observamos atualmente”, declarou.

Para fazer frente a todas essas situações, a Prefeitura do Recife vem tomando todas as medidas necessárias para o enfrentamento das dificuldades. Por determinação do prefeito João da Costa, o planejamento para o inverno foi antecipado e uma série de medidas foi tomada para minimizar os problemas causados pelas chuvas. A Empresa de Manutenção e Limpeza Urbana (Emlurb) teve sua equipe ampliada de 150 para 200 homens, todos envolvidos em atividades como a limpeza de galerias e canais, operação tapa-buracos, iluminação pública e poda de árvores.

Ações estruturadoras também foram autorizadas pelo prefeito para combater os alagamentos e os transtornos advindos das fortes chuvas. Neste mês, serão realizadas obras para conter alagamentos na Avenida Caxangá e nas ruas 48 e Conde D’Eu. Além disso, serão promovidas, neste ano, intervenções para melhorar o escoamento das águas das chuvas nas avenidas Agamenon Magalhães, Mascarenhas de Morais e Domingos Ferreira. Este ano, a Prefeitura está fazendo o maior investimento em manutenção da rede de drenagem: R$ 10 milhões. Somadas às obras anunciadas, essa iniciativa demonstra o interesse estratégico da Prefeitura em relação ao combate a alagamentos”, explica o diretor de Manutenção Urbana, Fernando Melo.     

Paralelamente às intervenções urbanas, foram adotadas medidas para garantir a fluidez do trânsito e a tranquilidade do cidadão em todo o Município. Entre elas está o reforço do monitoramento do trânsito com o acréscimo de 150 guardas patrimoniais para fiscalizar e ordenar o tráfego junto com os agentes da CTTU. Com a iniciativa, o efetivo de agentes de trânsito aumentou para 450 guardas, simbolizando um acréscimo de 50%.
 
Na Operação Inverno 2011 a Prefeitura está investindo R$ 53 milhões.  Cerca de mil pessoas - entre servidores municipais e parceiros externos (como Codecipe, Corpo de Bombeiros, Exército Brasileiro e o Condepe/Fidem) - estão mobilizadas para o reforço e desenvolvimento adequado das ações que já são realizadas periodicamente, durante todo o ano. Nos últimos dois anos, foram aplicados mais de R$ 85 milhões em ações de defesa civil permanente; urbanização, controle e fiscalização de áreas de risco; manutenção de escadarias e muros de arrimo; manutenção e retificação dos sistemas de micro e macrodrenagem. Cento e duas obras foram concluídas e outras 111 estão em andamento.