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Mulher | 05.07.17 - 17h18

Seminário Filhas de Dandara abre a programação destinada às mulheres negras

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Políticas públicas, representação na mídia e direitos das mulheres foram alguns dos temas debatidos durante o evento. (Foto: Daniel Tavares/PCR)

Organizações de mulheres, estudiosas, entidades e representações da sociedade civil participaram do seminário Negras de Luta: Filhas de Dandara por espaço, poder e direitos, promovido pela Secretaria da Mulher do Recife, na última terça-feira (4), no auditório do Paço Alfândega, no Bairro do Recife. A abertura do evento contou com representações do Conselho da Mulher do Recife, da Gerência de Igualdade Racial da pasta municipal de Direitos Humanos e da Secretaria da Mulher de Pernambuco.

Abrindo o evento, a secretária da Mulher do Recife, Cida Pedrosa, comentou que o Filhas de Dandara é a primeira de uma série de iniciativas que serão realizadas pela pasta municipal para celebrar o dia da mulher negra, comemorado em 25 de julho. " Abrimos hoje o mês das mulheres negras e temos toda uma programação para julho. No dia 28, lançaremos, por decreto, o Comitê Institucional de Mulheres Negras, o Ajê Negras, para articular e promover mais políticas públicas da Prefeitura do Recife voltadas para às negras", comentou.

A primeira mesa foi sobre políticas públicas e espaço de poder da mulher negra, com a advogada e militante Ana Paula Maravalho. A ativista apresentou dados do Observatório Negro que debatiam a falta de mulheres negras nos lugares de administração e controle. "Vemos que a mulher foi extirpada dos lugar de decisão como se naquele lugar ela não pudesse existir", disse. Maravalho falou ainda da importância de se assumir cargos de decisão. "Nossas ancestrais entraram em navios negreiros sem saber onde iriam chegar e se iriam chegar. Nós não podemos negar mais esses espaços de poder", finalizou. A mediação ficou por conta de Beatriz Vidal, gerente de fortalecimento sociopolítico das mulheres da Secretaria da Mulher de Pernambuco.

O segundo painel, à tarde, o tema debatido foi a representação da mulher negra nas mídias. A pedagoga e blogueira Viviana Santiago levantou pontos de como os meios de comunicação produzem sentido e silêncios, e a falta uma análise sobre a perspectiva racial e de gênero."Os processos e espaços da mídia produzem sentido para tudo, definem o que pode e não pode ter sentido. Identificar o que privilegia o que prejudica algumas parcelas da população é importante", refletiu. Laudjane Domingos, da União Brasileira de Mulheres, foi a mediadora da mesa. " A forma como as mulheres negras são apresentadas pela mídia é um olhar vinculado ao olhar de quem domina e dirige esse sistema. O problema está na estrutura do sistema capitalista que é dirigido por homens brancos que não querem que mulheres negras sejam representadas como mulheres que são parte do sistema produtivo desse país, que produzem cultura, constroem intelectualidade e que são invisibilizadas", finalizou.

A última mesa trouxe uma conversa sobre a afirmação dos direitos das mulheres negras com Fernanda Falcão da Gerência de Livre Orientação Sexual do Estado; Rose Santos da Gerência de Saúde municipal da Mulher Negra e Girlana Diniz, da Gerência de Igualdade Racial do Recife. A mediação ficou por conta da psicóloga Ceça Costa.

Dia da mulher negra - O dia 25 de julho é dedicado às mulheres negras latinoamericanas e caribenhas desde 1992, quando houve o primeiro grande encontro desse segmento em Santo Domingo, na República Dominicana. A data ficou marcada como um momento de resistência das negras contra a condição de cidadãs de segunda classe e pela reafirmação dos seus direitos e identidade. No Brasil, 25 de julho também é o Dia Nacional de Tereza de Benguela, líder quilombola que viveu no atual Estado de Mato Grosso durante o século XVIII.