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Educação | 07.04.16 - 21h31

Alunos autistas aprendem e se divertem com robôs em escola na Caxangá

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Aulas de robótica com autistas matriculados na rede municipal acontecem há um ano, com o objetivo de estimular a socialização (Foto: Cortesia)

 

Quatro estudantes autistas da Escola Municipal de Tempo Integral (EMTI) Divino Espírito Santo, na Caxangá, tiveram uma tarde repleta de aprendizado e diversão proporcionados pelos robôs humanoides, batizados de NAO, que fazem parte do Programa Robótica na Escola. As aulas de robótica voltadas especificamente para as necessidades dos autistas, como a realizada nesta quinta (7), acontecem há um ano e foram inseridas na programação especial do Movimento Abril Azul, que marca o Mês de Conscientização do Autismo. As ações fazem parte da proposta de inclusão pedagógica da Secretaria de Educação do Recife, que conta com 3.600 estudantes deficientes, sendo 276 deles autistas. 

Os alunos dançaram com o robô, caminharam de mãos dadas com ele, o abraçaram, seguiram comandos de direção e responderam a perguntas de cálculo e formação de palavras. "Eu já conhecia o NAO. Gosto muito dele. Hoje dançamos, andamos, ofereci biscoito a ele e até dei um beijo. Me diverti muito", disse Luana Carneiro, 9 anos, aluna do 4º ano da Divino Espírito Santo. Dos quatro estudantes autistas que participaram da aula desta quinta, ela era a que mais falava e interagia com todos. Já o irmão dela, Lucas Gil Carneiro, 10 anos, estudante do 5º ano, também tem autismo, mas fala poucas palavras.

"Lucas e Luana já tiveram outras aulas com os robôs e interagiram bem desde o primeiro contato. Acho ótimo porque é um momento muito prazeroso pra eles. Eles aprendem de forma divertida, ficam completamente entretidos. Percebo que eles estão melhorando muito a interação", disse Alciene Carneiro, mãe dos dois alunos, que são acompanhados por estagiários nas turmas regulares e atendidos individualmente, duas vezes por semana, no contraturno das aulas, por uma professora do Atendimento Educacional Especializado (AEE), especialista em Educação Especial. O atendimento individualizado acontece na sala de recursos multifuncionais, onde aconteceu a aula desta quinta.

Como não fala, Lucas foi um dos 260 estudantes com autismo ou paralisia cerebral selecionados pela Secretaria de Educação do Recife para ganhar um tablet com o aplicativo Livox, que o auxiliará na comunicação. "Foi uma conquista muito grande pra escola e pros pais. Agora vou poder saber o que meu filho sente. Vai ser ótimo vê-lo conseguindo se expressar, mesmo que através de um programa", comemorou Alciene. Outros 240 tablets foram entregues, nessa quarta (7), para as 111 salas de recursos multifuncionais existentes nas escolas municipais do Recife.

Jocéia Bezerra de Oliveira, professora do AEE da Divino Espírito Santo, explica que, para lidar com o autismo, é preciso descobrir o que atrai a atenção dos alunos pra que eles avancem no aprendizado. "Cada estudante se atrai por uma coisa diferente. Procuramos usar na aula o que cada um gosta, coisas que os estimulem. Os autistas comumente têm dificuldade para interagir e falar, e o robô chama muito a atenção deles. Eles ficam satisfeitíssimos com esse contato", conta a pedagoga e psicóloga, que atende os mais de 25 estudantes com deficiência da Divino Espírito Santo. 

Os comportamentos do robô utilizado na aula desta quinta foram programados por Fernanda Barreto, uma das coordenadoras do Programa Robótica na Escola, junto com sua equipe. Tudo foi planejado em parceria com as professoras do Atendimento Educacional Especializado. "As docentes do AEE passaram por formações e montaram projetos baseados nas necessidades dos seus alunos autistas, sugerindo comportamentos que nós deveríamos programar pros robôs. Eles indicaram atividades que trabalhassem a comunicação verbal e não verbal, a inteligência emocional, expressão corporal, interpretação e cálculo. Percebemos que, com o NAO, o aluno tem um nível de resposta mais avançado, melhora a interação, se concentra mais e consegue interpretar e responder aos comandos do robozinho". 


SIMPÓSIO - A programação do Movimento Abril Azul, que começou na última segunda (4), encerra-se nesta sexta-feira (8) com o 1º Simpósio sobre Transtorno do Espectro Autista. Haverá palestras, abertas ao público, das professoras Elisângela Maria Gomes, especialista em Saúde Mental com ênfase em Transtorno do Desenvolvimento; Ana Cláudia Prazeres, que também é assistente social e especialista em Desenvolvimento Humano, Atendimento Educacional Especializado e Educação Inclusiva; e Neuma Silva de Siqueira, que também é psicóloga e especialista em Psicopedagogia e em Atendimento Educacional Especializado. O simpósio é aberto ao público e acontece na Escola de Formação e Aperfeiçoamento de Educadores do Recife (Efaer) Professor Paulo Freire, na Madalena, das 13h30 às 17h30 .