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Cultura | 12.11.14 - 17h32

Professores participam de palestra sobre a inserção de estudantes com deficiência no mercado de trabalho

A fase de transição do aluno para o exercício da atividade remunerada foi o tema do debate no Centro de Formação Paulo Freire. (Foto: Inaldo Lins/ PCR)



Estudantes com deficiência que se preparam para sair da escola e ingressar no mercado de trabalho foram tema de uma palestra para professores da Rede Municipal de Ensino do Recife, alunos universitários e profissionais que trabalham com esse público. O evento foi promovido pelo Núcleo de Educação para o Trabalho (NET) da Secretaria de Educação do Recife, em parceria com a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE), nesta quarta-feira (12), no Centro de Formação de Educadores Professor Paulo Freire, no bairro da Madalena.

A palestra foi ministrada pelo auditor fiscal da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego do Recife, Fernando Sampaio. Segundo ele, tem crescido o número de pessoas com deficiência que ingressaram no mercado de trabalho em Pernambuco. Nos últimos dois anos, o índice de aumento é de 25%. "A gente não pode achar que, por ser deficiente, automaticamente, a pessoa deve ser aposentada. Na maioria dos casos, elas estão aptas à atividade", disse Sampaio.

O auditor entregou aos professores um documento que mostra mudanças na Lei do Benefício de Prestação Continuada (BPC), de 2011. Até este ano, a pessoa deficiente que tivesse direito ao benefício e começasse a trabalhar perdia o direito ao BPC. Essa regra era responsável por amedrontar o trabalhador e a família, fazendo com que a procura por um emprego fosse bem menor. Com as modificações, o benefício é apenas suspenso enquanto a pessoa exerce a atividade remunerada. "Essa alteração deve resultar em um crescimento na busca desses profissionais pelo emprego. Trabalhar é importante não só pela perspectiva financeira, mas, principalmente, para que todos tomem consciência de que a pessoa deficiente pode estar inserida no convívio social, em qualquer campo. Nós temos o trabalho de modificar a vida de pessoas que tiveram um histórico de exclusão", completou Sampaio.

Este foi o terceiro seminário realizado pelo NET, que tem a missão de levar os jovens do ambiente escolar para o exercício de atividade remunerada. Nos anos anteriores, os temas foram a inclusão no mercado de trabalho e a preparação dos profissionais do Atendimento Educacional Especializado, que hoje conta com 230 professores. De acordo com a coordenadora do Núcleo, Kátia Cristina Bezerra, é preciso disseminar conhecimentos sobre a inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho. "É um processo. Nós avaliamos o potencial do aluno e traçamos o perfil profissional, para poder encaminhá-lo ao lugar onde ele poderá exercer sua atividade", declarou a coordenadora do NET.

Desde 2007, quando foi criado, o núcleo tem colocado vários profissionais em atividade. Somente este ano foram 14. No momento, 40 ex-alunos estão trabalhando. Eles são preparados para exercer diversas funções em lojas, indústrias, varejo e até em escolas privadas do Recife. O coordenador de Recursos Humanos da ABF Engenharia, Jônatas Veloso, participou do evento e já teve um funcionário que veio do NET. "É um desafio para as empresas encontrar um profissional. Não é somente bater a cota. Nós temos a preocupação de que a pessoa seja produtiva e sinta prazer em trabalhar conosco", disse Veloso. "Quando eles vêm de uma instituição como o NET e a APAE, chegam preparados e conseguem se tornar mais independentes, aos poucos. Além disso, eles continuam sendo acompanhados, o que é um diferencial do NET", concluiu.

De acordo com o professor Juvi Passos, o NET é mais um canal de possibilidades para as pessoas com deficiência. "É algo muito positivo. É um caminho para não ficar parado", contou Juvi, que é deficiente visual e ensina na Rede Municipal há 19 anos.

Segundo Cláudia Helena Fragoso, auxiliar de chefia da Divisão de Educação Especial da Secretaria de Educação do Recife, os professores precisam conhecer os núcleos que existem para apoiá-los nos desafios. "São os educadores que identificam os estudantes que estão aptos à inserção no mercado de trabalho e indicam esses profissionais em potencial. Então a formação é sempre importante e esses núcleos da Secretaria de Educação precisam ser mais visíveis", declarou Cláudia Helena.

Mais de 150 pessoas participaram da palestra, que aconteceu nos dois turnos do dia. A professora Maria Letícia Vasconcelos, que pertence ao Atendimento Educacional Especializado, ressaltou a importância de quebrar as barreiras do medo e conhecer o que é novo. "Nós precisamos aprender, cada vez mais, a orientar os alunos que têm potencial para trabalhar, mas não têm conhecimento dessas oportunidades", acrescentou.