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Cultura | 14.06.13 - 14h05

Caboclos, sonhadores e homenageados

Abertura da exposição sobre os homenageados do São João do Recife será nesta segunda-feira (17)

O ciclo junino como fonte de inspiração para a arte. A expressão artística como força motriz para a vida. Este é o elo que pretende ser mostrado pela exposição Homenageados do São João do Recife 2013 a partir das trajetórias pessoais e profissionais do coreógrafo e bailarino Mika Silva e do forrozeiro Maciel Melo, personagens celebrados na festa junina da capital. A abertura da mostra será na próxima segunda-feira (17), às 19h, no Paço Alfândega.

A ocasião, que abrigará também o lançamento dos livros Nos Arraiais da Memória – Volume 2, que trata da história de 28 quadrilhas juninas de Pernambuco, e A Poeira e A Estrada, autobiografia de Maciel Melo, será animada por um pocket show do autêntico forró pé-de-serra de Maciel, no hall central do shopping.

Mostra - A exposição tem por objetivo informar os recifenses e os turistas a respeito da importância desses personagens para o São João e a relação deles com a festa junina.Textos, ilustrações, fotografias e vídeos são os suportes utilizados para remontar a história de Mika e Maciel, desde o nascimento, passando pelo contato dos dois com o mundo das artes, até o presente ciclo junino. A narrativa de Maciel Melo contextualiza, entre outros fatos, a chegada do sertanejo de Iguaraci ao Recife e o lançamento de uma das músicas mais conhecidas do compositor, Caboclo Sonhador. Já o relato sobre a vida de Mika revela a entrada dele no grupo folclórico da Escola Assis Chateaubriand, em 1984, que viria a tornar-se o Balé Deveras, em 1989, e a apresentação da quadrilha recriada, apresentada em 1992. A mostra fica aberta para visitação até o dia 30 de junho, no horário das 10h às 22h, de segunda a sábado, e das 12h às 21h, aos domingos.

Publicações - O segundo volume do livro Nos Arraiais da Memória é uma realização da Prefeitura do Recife, através da Secretaria de Cultura e da Fundação de Cultura Cidade do Recife, e foi organizado pelos historiadores Mário Ribeiro e Carlos André Moura. A publicação remonta a história de 28 quadrilhas juninas do estado que fizeram história nos Festivais de Quadrilhas Juninas promovidos pela Prefeitura. Cerca de 40 quadrilheiros, componentes de comissões julgadoras dos festivais e funcionários da PCR foram entrevistados para contar a evolução desses grupos de dança.

Para Mário Ribeiro, que também é gerente da Casa do Carnaval, um dos aspectos que chamou a atenção durante a realização da pesquisa foi a transformação na arte de fazer a quadrilha, dada as novas tendências trazidas por cada geração, desde a década de 60. “Muitos grupos que acompanharam as novidades trazidas pelos jovens, continuaram, outras quadrilhas acabaram por não concordar em modificar o costume do brinquedo”, diz Ribeiro. Ele destaca também a importância do Festival de Quadrilhas Juninas enquanto mecanismo de salvaguarda da cultura popular: “O concurso estimula os grupos a criarem e a pesquisarem sobre a tradição quadrilheira”. Após o lançamento, o livro será distribuído para as bibliotecas escolares e populares do Recife e para Centros de Estudos e Pesquisa. A primeira versão desta coleção foi lançada em 2010, descrevendo o trabalho desenvolvido por 41 quadrilhas.

Já A Poeira e A Estrada, de Maciel Melo, reúne personagens e situações que povoaram a trajetória do músico. O livro, que começou a ser escrito há três anos, traz enredos da vida do forrozeiro, aliada a histórias fictícias envolvendo figuras políticas e religiosas do Sertão do Pajeú, como Antônio Conselheiro, Diógenes Arruda Câmara, Antônio Silvino, Frei Damião e Lampião. Maciel explica: “Coloquei o meu sertão dentro da história, envolvendo os personagens que fizeram parte da minha vida, desde a minha infância. A ideia é um pouco fazer uma geografia política e social do meu povo”. A publicação, com 200 páginas, tem uma tiragem de 1000 exemplares.