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| 19.05.12 - 16h09

Teatro de Santa Isabel celebra 162 anos com sarau

Comemoração relembrou momentos históricos do teatro-patrimônio com sarau reunindo literatura, teatro, música e dança

[caption id="attachment_18774" align="alignleft" width="334" caption="Os 162 anos do Teatro Santa Isabel teve celebração com direito a bolo e sarau artístico. Foto: Lú Streithorst"][/caption]

Era noite de festa. No hall de entrada já se podia ver o bolo. Confeitado com réplica de açúcar do teatro-monumento, destacava a beleza da arquitetura neoclássica em tom rosado. Como anfitriões, os próprios funcionários da casa demonstravam alegria. Com orgulho estampado no rosto, estavam de roupa nova, o uniforme recém-chegado. Os convidados chegaram cedo para não perder o espetáculo. A data não era redonda, mas a comemoração de 162 anos do Teatro de Santa Isabel foi digna da sua história. No sarau intitulado Recordar para Reviver, literatura, teatro, música e dança exemplificaram momentos e aspectos marcantes das artes, da política, da economia e do comportamento da sociedade não somente pernambucana, mas brasileira.

A celebração de aniversário do Teatro de Santa Isabel foi realizada na noite de sexta-feira, 18 de maio, data de fundação da casa, em 1850. O sarau contou com a presença de cerca de 500 pessoas que tiveram entrada gratuita, algumas pisavam pela primeira vez no patrimônio cultural centenário.

Foi o caso de Karine Cássia, 16 anos, estudante de escola pública que saiu direto da sala de aula para o teatro, acompanhada pela professora. “Foi a primeira vez que estive no teatro. Achei o sarau muito interessante porque estou estudando atualmente as poesias de Castro Alves e Tobias Barreto, uma delas foi apresentada hoje (referindo-se a “Navio Negreiro”, de Castro Alves). Também gostei muito da arquitetura, achei linda”, afirmou encantada na saída do teatro, ao lado da colega de escola, Lizandra Melania, também de 16 anos.

Além do prazer de ser espectadora que vivia sua amiga Karine, Lizandra teve a oportunidade de pisar no palco do teatro. “Eu já dancei aqui com o Balé Popular do Recife. Na verdade, eu venho mais para dançar do que para assistir. Esta é a segunda vez que assisto uma apresentação no Santa Isabel”, revelou. No sarau, Karina e Lizandra puderam assistir à encenação de um embate histórico entre os poetas Castro Alves e Tobias Barreto (interpretados por Marcelino Dias e Gilson Paz), que competiam para serem reconhecidos pelos melhores versos e pela melhor oratória, e ainda em relacionamentos amorosos com as atrizes Eugênia Câmara e Adelaide Amaral (‘vividas’ por Renata Phaelante e Karla Martins).

A diferença fundamental entre outros espetáculos apresentados ali é que o sarau não trazia personagens fictícios. Todas as figuras representadas na ocasião fizeram parte da história de Pernambuco e do Brasil, protagonizando lutas políticas como a defesa da abolição dos escravos negros ou espetáculos no Teatro de Santa Isabel. Responsáveis pela narração que costurou as performances artísticas, a atriz Sônia Bierbard e o ator André Ricari apresentaram aspectos importantes da história econômica e da vida social do século 19, alguns recolhidos em jornais da época.

A música também esteve presente no sarau com apresentação do tenor Jefferson Bento e do pianista Glauco Cézar II, da Companhia de Ópera do Recife. Já o balé clássico foi representado por jovens bailarinas, que relembraram na ponta do pé a performance da célebre russa Anna Pavlova que dançou O Cisne em 1918 no palco do Santa Isabel.

O roteiro do sarau foi baseado em texto original de Maria do Carmo Barreto Campello de Melo para o aniversário de 135 anos da casa e consta no livro Teatro de Santa Isabel – Nascedouro & Permanência, de autoria de Geninha da Rosa Borges, publicado em 2000. O roteiro foi adaptado pela atriz e poeta Sônia Bierbard e durante o sarau teve tradução em libras de Sueli Santos, proporcionando acesso a pessoas com deficiência auditiva.

Visita guiada – O Teatro de Santa Isabel é hoje um dos 14 teatros-monumento do país, reconhecidos como Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, título que ganhou em 1949. Quem quiser conhecer mais detalhes sobre a história e arquitetura da casa centenária, pode participar da visita guiada que acontece todos os domingos das 14h às 17h. Agendamentos prévios podem ser feitos pelo telefone 3355-3323.