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Cultura | 21.08.14 - 10h23

A Paixão segundo GH abre a 12ª edição do Festival A Letra e A Voz

A abertura aconteceu no Museu da Cidade do Recife e reuniu mais de 100 pessoas. Livro de Clarice Lispector completa 50 anos de seu lançamento. (Foto: Andréa Rêgo Barros/PCR)

“Terei que correr o sagrado risco do acaso”. Essa foi apenas uma, das diversas frases enigmáticas que compõem o livro “A Paixão segundo GH”, de Clarice Lispector, citadas na noite de abertura da 12ª edição do Festival Recifense de Literatura A Letra e A Voz. O seminário - realizado pela Prefeitura do Recife, através da Secretaria de Cultura e da Fundação de Cultura Cidade do Recife - teve início nesta quarta-feira (20), à noite, no auditório do Museu da Cidade do Recife, no Forte das Cinco Pontas, bairro de São José. Com o espaço completamente lotado, os convidados tiveram o desafio de analisar a obra e a ideia de Clarice, na mesa E finalmente, meu amor, sucumbi - Os 50 anos da Paixão Segundo GH, de Clarice Lispector. Logo em seguida, o público foi brindado com uma adaptação do texto da obra para o teatro.

Coube aos escritores Lourival Holanda e Cintia Moscovich o bate papo sobre os 50 anos de GH. Para Lourival, Clarice é um estado de contato, de perturbação constante para quem a lê, e nessa obra não é diferente. “Clarice é um alerta para o mistério do outro e de nós mesmos. Ela sempre chama a atenção para a incapacidade de se definir em palavras exatamente o que se sente”, destacou. Já Cintia Moscovich mergulhou em A Paixão segundo GH definindo-a como uma história sensorial. “O enredo em si, não é nada. A grande aventura, a grande epopeia, é a palavra de Clarice. É a ação interna da personagem que é toda a graça do livro, e não a ação externa”, afirmou.

Depois do momento de bate papo, foi a vez da atriz Luciana Lyra levar para o público um pouco desse universo de GH. As aflições da personagem foram bem exploradas no texto, que conta a história de uma mulher que fica sozinha em casa, presa no quarto de empregada, com uma barata. O monólogo, dirigido pelo dramaturgo Newton Moreno, explorou os efeitos da luz para dar o clima mental de GH ao ambiente. O público ficou por quase 50 minutos preso às angústias e reflexões de uma mulher em busca de si mesma.

O presidente da Fundação de Cultura Cidade do Recife, Diego Rocha, comemorou o resultado da abertura do Festival A Letra e A Voz. “Sucesso de público na abertura, uma plateia calorosa e participativa, num ambiente que é o Museu da Cidade do Recife, e que favorece isso. Começamos muito bem, com o pé direito, é certeza de sucesso mais uma vez”, destacou. Já o curador do festival, Schneider Carpeggiani, convidou o público presente para mergulhar nas reflexões que serão propostas até o próximo sábado. “Nossa ideia é a de refletir sobre diversas coisas, usando Clarice, que é sempre um enigma”, afirmou.

A 12ª edição do Festival Recifense de Literatura A Letra e A Voz prossegue até sábado (23), com mesas e debates no auditório do Museu da Cidade do Recife, sempre a partir das 17h. Nesta quinta-feira (21) será a vez do paulista Antonio Geraldo Figueiredo Ferreira, apontado como uma das recentes revelações da literatura nacional, conversar com o escritor, poeta, crítico de arte e cineasta pernambucano Fernando Monteiro sobre o tema “Como ‘desescrever’ o romance brasileiro”. Em seguida, a partir das 19h, Ronaldo Correia de Brito e o carioca Alberto Mussa participam da mesa “Mostre-me um crime, que lhe apontarei a imagem no mapa”, sobre o romance policial.

Ainda na programação do festival serão realizados passeios para estudantes de escolas públicas, com monitoria da jornalista e escritora Geórgia Alves ao “Recife de Clarice”, oficina literária para crianças sobre o universo infantil da autora, neste sábado, dia 23, e a Festa do Livro, nos dias 30 e 31 de agosto.

Confira a programação completa no www.festivalaletraeavoz.com.br.