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| 22.07.15 - 10h18

Alunos surdos aprendem a tocar instrumentos em escola municipal do Recife

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Projeto Som na Pele foi idealizado pelo professor Irton Silva e tem apoio do Sesc; aulas acontecem às quartas-feiras. (Foto: Inaldo Lins/ PCR)


Na Escola Municipal Severina Lira, localizada na Tamarineira, alunos com surdez total ou parcial têm a oportunidade de participar de oficinas musicais e conhecer os principais ritmos de nossa cultura popular, como maracatu de baque virado, frevo, samba e ciranda. A iniciativa faz parte do Projeto Som na Pele, realizado em parceria com o Serviço Social do Comércio (Sesc) de Casa Amarela.

A ideia surgiu a partir do interesse do professor e músico Irton Silva, conhecido como Batman Griô, de trabalhar a música com pessoas surdas. Desde 2009, o professor leva a música para deficientes auditivos de vários bairros do Recife. A primeira oficina realizada na Escola Severina Lima foi no ano de 2014 e, desde então, o músico vem notando uma certa diferença no comportamento dos alunos. "Observo que os estudantes estão cada vez mais concentrados e se sentindo felizes em participar de uma coisa que alguns julgariam impossível. Isso é o mais importante", revela.

As oficinas são realizadas todas as quartas-feiras, com a participação até de alunos surdos que não estudam mais na unidade de ensino. As aulas são elaboradas pelo professor Batman e também pelo grupo Batmacumba, formado por jovens com surdez total ou parcial, com idades entre 15 e 29 anos. "O Projeto Som na Pele é pioneiro na música participativa com pessoas surdas. Elas têm a oportunidade de sentir de perto as sensações que a prática de um instrumento de percussão nos proporciona", destaca.

Batman utiliza sinais de libras, criados por ele, para ensinar os alunos a tocarem os instrumentos. Além disso, criou um sistema de luzes chamado de Metrônomo Visual, equipamento que utiliza um sequenciador eletrônico e uma combinação de lâmpadas - de cores e tamanhos variados - representando a estrutura de um compasso musical e fazendo a descrição visual das frases rítmicas.

De acordo com a professora do Atendimento Especial Especializado (AEE) Luciana Lopes, o projeto abriu a mente dos alunos. "Os estudantes entenderam que podem ser o que quiserem, não importando as dificuldades. Alguns deles não tinham respeito por outros colegas que também têm deficiência, mas depois das aulas, isso mudou", relata.