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Cultura | 28.11.11 - 18h02

Secretaria de Educação promove formação sobre racismo institucional

[caption id="attachment_10924" align="alignleft" width="334" caption="Foto: Carlos Augusto"][/caption]

Cerca de 600 gestores estudarão mecanismos de prevenção do racismo institucional, de hoje (28) até a próxima quarta-feira (30)

Por Suzan Vitorino

Com o objetivo de discutir e prevenir o racismo nas unidades educacionais do Recife, gestores e gestoras das escolas municipais estão participando da formação intitulada “Prevenção do racismo institucional na educação”, no Centro de Formação de Educadores Professor Paulo Freire, na Madalena. A capacitação, que teve início hoje (28) e vai se estender até a próxima quarta-feira (30), tem a coordenação do Grupo de Trabalho em Educação das Relações Étnico-Raciais (Gterê), da Secretaria de Educação, Esporte e Lazer (SEEL).
A formação iniciou com a palestra da professora da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), Claudilene Silva, que conceituou o Racismo Institucional. “O termo trata do fracasso coletivo de uma organização em prover um serviço adequado às pessoas por causa da sua cor, cultura ou origem étnica”, afirmou. A professora exibiu para os participantes um vídeo da Unicef sobre o racismo na infância. “É no espaço escolar onde mais se manisfesta o racismo na infância. A escola não pode silenciar diante de situações de preconceito”, alerta.

Em seguida, a professora e pesquisadora Carmen Dolores explicou as origens do racismo no Brasil: a tese do branqueamento (após a abolição, se acreditava que o Brasil precisava construir uma identidade branca), o mito da democracia racial e a tese da mestiçagem (defendida por Gilberto Freyre). A pesquisadora acompanhou 14 escolas municipais e identificou que a lei 10639/2003 – que torna obrigatório o ensino da história e cultura africana e afrobrasileira nas escolas de ensino fundamental e médio – precisa ser aplicada de forma mais profunda. “As gestoras conhecem a lei, no entanto ela precisa ser apreendida como uma política pública, para ser implantada de forma efetiva e para que se construa uma escola democrática”, pontuou.
Uma das participantes do encontro, a gestora da Escola Municipal Severina Lira (Tamarineira), Andrea de Souza Ferreira, já trabalha a temática na unidade educacional. “No dia 16 de novembro, realizamos uma feira no Sítio Trindade com a temática ‘África, nossa origem, nossa história’, que foi muito acolhida pela comunidade escolar. Essa formação é importante, pois complementa essa atividade”, aprova.

Para a professora e coordenadora do Gterê, Fátima Oliveira, a capacitação amplia o conhecimento dos gestores sobre a problemática do racismo nas escolas. “O gestor é um dos atores principais no processo de prevenção. A implementação da Lei 10639/2003 precisa existir não só no conteúdo de sala de aula, mas na organização do espaço físico da escola”, afirma. Segundo Fátima, a direção precisa ampliar essa visão e trabalhar a importância da diversidade da sociedade brasileira.